terça-feira, 17 de setembro de 2019

ADOLFINHO & CHITÃOZINHO


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1956/1959- Discos 78 Rpm

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ADOLFINHO & MILTINHO


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1960- Disco 78 Rpm

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A) ONDE ESTÁS - B) CORAÇÃO

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ALVARENGA & BENTINHO


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No ano de 1938, Ranchinho afastou-se pela primeira vez da dupla. Alvarenga, passou a cantar em dupla com Bentinho e também com o grupo que intitulou "Alvarenga e Sua Gente".
Apesar do pouco tempo de duração, a dupla "Alvarenga e Bentinho" chegou a gravar alguns Discos 78 rpm pela Odeon e, tal foi a amizade surgida entre os dois parceiros que, a convite de Alvarenga, Bentinho foi padrinho de batismo do seu filho, o Delmare Alvarenga, que é atualmente um dos mais conceituados maestros e é regente da Orquestra Sinfônica da Ópera de Colônia (Köln) na Alemanha.
Em 1939, Ranchinho voltou a formar dupla com Alvarenga. E Bentinho formou juntamente com Xerém a dupla Xerém e Bentinho.

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1938/1939- Discos 78 Rpm
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A - É DE COLHER
 (João Mundo, César Brasil)

A) A MODA DAS MOEDA - B) MODA DA CARTA

  A) NUMA NOITE DE LUAR - B) PAQUETÁ
 

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ALVARENGA & RANCHINHO (Todas as Formações)


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Murilo Alvarenga nasceu em Itaúna, no estado de Minas Gerais, no dia 22 de maio de 1912 e faleceu em 18 de janeiro de 1978. Diésis dos Anjos Gaia, o Ranchinho, nasceu em Jacareí, no estado de São Paulo, no dia 23 de maio de 1913 e faleceu no dia 05 de julho de 1991.
Alvarenga foi apenas um e que, no entanto, por força das circunstâncias, acabou fazendo dupla com três parceiros por nome "Ranchinho".
O primeiro Ranchinho, portanto, foi Diésis dos Anjos Gaia, que cantou com Alvarenga de 1933 a 1938, retornando no ano seguinte e que, após outros sumiços, abandonou a dupla em 1965.
O segundo Ranchinho foi Delamare Abreu (nascido em São Paulo/SP no dia 28 de outubro de 1920), irmão de Murilo Alvarenga por parte de mãe, e que fez dupla com ele por dois meses na década de 50. Delamare mais tarde deixou o palco e passou a ser pastor protestante.
E o terceiro Ranchinho, que foi quem ficou mais tempo ao lado de Murilo, foi Homero de Souza Campos (1930-1997), conhecido também como "Ranchinho da Viola" e como "Ranchinho II" (apesar de ter sido o terceiro). Homero cantou com Murilo Alvarenga de 1965 até o seu falecimento em 1978.
O "Ranchinho da Viola" foi o mesmo Homero que também integrou o "Trio Mineiro", juntamente com Bolinha e Cosmorama e que chegou a gravar 12 discos de 78 rpm. E, com Alvarenga, Homero gravou 15 discos, entre 78 rpm e LPs.
Murilo e Diesis conheceram-se no início da década de 30 na cidade de Santos/SP. Murilo, após o falecimento de sua mãe, morava no Brás, em São Paulo/SP com seus tios; ele era trapezista e também cantava tangos. Diésis cantava músicas românticas na Rádio Clube de Santos, que havia sido inaugurada pouco tempo antes (em 1927). "Rancho Fundo" (Ary Barroso e Lamartine Babo) era uma das músicas preferidas e mais freqüentemente interpretadas por Diésis que, em função disso, começou a ser anunciado como "Rancho".
O primeiro encontro se deu numa serenata. E, como era baixinho, Diésis aproveitou o apelido e o modificou para Ranchinho, quando da formação da dupla com Murilo que, por sua vez, aproveitou o próprio sobrenome: "Alvarenga e Ranchinho" passaram então a cantar a duas vozes em circos interpretando de início um "repertório sério" formado por valsas, modinhas, tangos e chorinhos.
O mais engraçado é que a platéia ria quando Alvarenga e Ranchinho cantavam... E, tirando partido da situação, eles passaram a incluir piadas entre uma música e outra, da mesma forma como também faziam Jararaca e Ratinho no Rio de Janeiro/RJ.
A dupla iniciou-se efetivamente em 1933, trabalhando no Circo Pinheiro em Santos. Algum tempo depois, seguiram para a capital paulista, onde eles passaram a se apresentar também em outros circos.
Devido às paródias que compunham satirizando diversos políticos, sofreram perseguições. Após animados shows contando estórias, fazendo esquetes humorísticos e cantando suas composições, muitas vezes acabavam "passando a noite no xadrez".
No mesmo ano, apresentaram-se na Companhia Bataclã na capital paulista. Também fizeram parte do elenco da companhia Trololó, juntamente com o renomado comediante Sebastião Arruda, no Teatro Recreio, na Praça da Sé, na capital paulista. É importante destacar também que Sebastião Arruda havia criado no teatro o "personagem clássico caipira" que já passava a ter também a voz ouvida no disco, já que o Ator Arruda também havia se juntado à Turma de Cornélio Pires quando das primeiras gravações de Modas de Viola e "Causos" interpretados pelo Tibúrcio e sua Turma Caipira no final da década de 20 e início da década de 30.
Em 1934, a convite do Maestro Breno Rossi, passaram a trabalhar na Rádio São Paulo, recém-inaugurada. E, quando a Companhia "Casa de Caboclo" do Rio de Janeiro se apresentou em São Paulo, Breno Rossi, que havia sido o pianista convidado para o evento, incentivou a ida de Alvarenga e Ranchinho para um período bem sucedido no Rio de Janeiro, em 1936, com apresentações inclusive no Cassino da Urca.
Lembrar que a "Casa de Caboclo" foi fundada no final de 1931 por Jararaca e Ratinho, juntamente com Duque, Pixinguinha e Dercy Gonçalves.
Em 1935, Alvarenga e Ranchinho formaram com Silvino Neto o trio "Os Mosqueteiros da Garoa", que teve curta duração. No mesmo ano, venceram o concurso de músicas carnavalescas de São Paulo com a marcha "Sai, Feia", de Alvarenga, que foi inclusive gravada por Raul Torres.
Ainda no mesmo ano, trabalharam também no filme "Fazendo Fita" de Vittorio Capellaro, a convite do Capitão Furtado. Ariowaldo Pires, o Capitão Furtado, que era Compositor, Locutor de Rádio, Produtor Caipira e sobrinho de Cornélio Pires, viu Murilo e Diésis passeando com seus instrumentos musicais e, abordando-os, perguntou se eles eram Violeiros, se cantavam no estilo de "Mariano e Caçula" e se queriam participar de um filme?
Espertos como eles só, responderam "sim" a todas as perguntas, para não deixar passar a oportunidade e, no elenco de "Fazendo Fita", Alvarenga e Ranchinho substituíram Mariano e Caçula que era a dupla inicialmente convidada, mas que havia desistido da participação em virtude do atraso das filmagens.
E, em 1936, rumaram para o Rio de Janeiro, onde se apresentaram na Casa de Caboclo, incentivados pelo maestro e pianista Breno Rossi. Começaram a se apresentar na Rádio Tupi no programa "Hora do Guri". E, naquele mesmo ano, gravaram o primeiro disco pela Odeon com as músicas "Itália e Abissínia" e o cateretê "Liga das Nações".
E o sucesso ia crescendo. Apenas três anos de dupla formada e Alvarenga e Ranchinho eram cômicos, atores de cinema e... dupla caipira, "sem nem mesmo terem nascido na roça". E Assis Chateaubriand, ouvindo a dupla, contratou Alvarenga, Ranchinho e o Capitão Furtado para estrear nos Diários e Emissoras Associados (Grupo do qual fazia parte a Rádio Tupi e, a partir de 1950, também a TV Tupi) a "Trinca do Bom Humor".
Em novembro de 1936, seguiram para Buenos Aires, onde se apresentaram no Teatro Smart. O sucesso "Nóis em Buenos Ayres" retrata com muito bom humor como foi a viagem, os enjôos no navio, os passeios de metrô, etc.
Em 1937, no auge do sucesso, passaram a fazer parte do elenco do famoso Cassino da Urca, onde trabalharam até seu fechamento, em 1946, por Eurico Gaspar Dutra.
No Casino da Urca, Alvarenga e Ranchinho começaram a fazer suas sátiras políticas, as quais se tornaram um de seus pontos fortes. O público se divertia e o Governo... sentia-se incomodado na maioria das vezes, com as críticas musicais que eram cada vez mais o forte de suas apresentações.
O visual da dupla consistia nos trajes caipiras: camisa xadrez, chapéu de palha de aba curta, e botas de cano curto.
Em 1938, lançaram a marcha "Seu Condutor" (em parceria com Herivelto Martins), que foi o maior sucesso carnavalesco da dupla.
E, nesse mesmo ano de 1938, Ranchinho afastou-se pela primeira vez da dupla. E Alvarenga, passou a cantar em dupla com Bentinho e também com o grupo que intitulou "Alvarenga e Sua Gente".
Apesar do pouco tempo de duração, a dupla "Alvarenga e Bentinho" chegou a gravar alguns Discos 78 rpm pela Odeon e, tal foi a amizade surgida entre os dois parceiros que, a convite de Alvarenga, Bentinho foi padrinho de batismo do seu filho, o Delmare Alvarenga, que é atualmente um dos mais conceituados maestros e é regente da Orquestra Sinfônica da Ópera de Colônia (Köln) na Alemanha.
Em 1939, Ranchinho voltou a formar dupla com Alvarenga. E Bentinho formou juntamente com Xerém a dupla Xerém e Bentinho.
Essa separação temporária de Ranchinho da dupla com Alvarenga voltou a ocorrer diversas vezes nos 27 anos seguintes e, nessas ocasiões, ele sempre foi substituído por outros parceiros, como Bentinho e Delamare de Abreu, esse último, como o segundo Ranchinho, sendo que a dupla mantinha o mesmo nome.
Em 1939, Ranchinho voltou a integrar a dupla com Murilo Alvarenga e novas gravações foram feitas pela Odeon, algumas inclusive juntamente com o Capitão Furtado.
E, em conseqüência de suas sátiras políticas, Alvarenga e Ranchinho vinham tendo cada vez mais problemas com a Censura Oficial; mas em 19/04/1939, dia do aniversário de Getúlio Vargas, a questão foi finalmente resolvida: Alzira Vargas, filha do então Presidente da República, convidou a dupla para tocar todo o seu repertório de sátiras no Palácio do Catete para seu pai. O "Baixinho" (como era chamado pela dupla), após ouvir todas as músicas, inclusive algumas que se referiam a ele, acabou gostando e deu ordens para que as composições de Alvarenga e Ranchinho fossem liberadas em todo o Território Nacional. E, para Ranchinho, de um certo modo, parecia que sem censura, havia perdido a graça falar do Getúlio...
Também em 1939, Alvarenga e Ranchinho fizeram uma turnê pelo Rio Grande Sul. E, ainda nesse mesmo ano, passaram a se apresentar na Rádio Mayrink Veiga, onde receberam o título de "Os Milionários do Riso", graças aos cada vez mais bem sucedidos esquetes cômicos.
Em 1940, gravaram pela Odeon um de seus maiores sucessos, "Romance de uma Caveira".
Em 1949, gravaram "Drama da Angélica" intitulada de "canto tétrico", uma composição onde todos os versos terminam com palavras proparoxítonas.
Em 1950, foram a Portugal e se apresentaram no Cassino Estoril, próximo a Lisboa. Em 1955, participaram do filme "Carnaval em Lá Maior", de Ademar Gonzaga.
Fizeram também campanhas políticas para Juscelino Kubitscheck de Oliveira e Ademar de Barros. JK, por sinal, amante da boa música brasileira também apreciava o trabalho de Alvarenga e Ranchinho e foi dos pouquíssimos políticos "poupados das sátiras" feitas pela dupla. Fizeram célebres paródias de músicas conhecidas tais como "Nervos de Aço" (Lupicínio Rodrigues), "Adios Muchacho" (Júlio Sanders e César Vendani), e "Disparada" (Geraldo Vandré e Téo de Barros).
Em 1965, Diésis dos Anjos abandonou mais uma vez a dupla e acabou por ser substituído por Homero de Souza Campos (1930-1997), que passou a ser o novo Ranchinho.
A partir dos anos 70 Alvarenga e Ranchinho deixaram o Rádio e passaram a se apresentar esporadicamente em alguns programas de TV e a quase totalidade da atividade artística passou a ser as turnês pelo interior, até o falecimento de Murilo Alvarenga em 1978.
O último disco da dupla foi "Os Milionários do Riso" gravado em 1973 pela RCA.
Os três "Ranchinho" estiveram presentes no velório de Murilo Alvarenga em Janeiro de 1978 e, inconsolável, Diésis declarava que haviam combinado de refazer a dupla, poucos dias antes da morte do parceiro.
Problemas pulmonares levaram Ranchinho deste mundo em 05 de julho de 1991.
E, no dia 31 de julho de 1997, faleceu, também vítima de câncer no pulmão, o "Ranchinho II", Homero de Sousa Campos.

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 1936/1961- Discos 78 Rpm
 
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ANA SILVA (Inhana)


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E “parece que o destino estava traçado”. No ano de 1941, o Circo Nova Iorque passou pela cidade de Araras e, nessa cidade, Cascatinha conheceu uma jovem muito bonita nascida no lugar. Seu nome era Ana Eufrosina da Silva, que cantava juntamente com sua irmã Maria das Dores no Jazz-Band de Araras. Seus dois irmãos, José do Patrocínio e Luiz Gonzaga, também participavam do conjunto: um na bateria e outro no contrabaixo.
Inhana rompeu um noivado de mais de um ano e seguiu com Cascatinha! Lógico que foi “contra a vontade dos pais, já que artista de circo, no conceito deles, "tinha um amor em cada praça", etc e tal...” E, do namoro para o casamento, passaram-se apenas 5 meses. Se casaram em 25 de setembro de 1941. De qualquer forma, o medo da família de Inhana não se justificou, pois o casamento foi sólido e feliz, durou 40 anos e só terminou com o falecimento da Inhana em 1981. No casamento, tiveram um filho adotivo chamado Marcelo José.
Em 1942, aventurando-se no Rio de Janeiro, Ana Eufrosina, Cascatinha e Chopp formaram o "Trio Esmeralda", que cantava em circos e também em programas de calouros, os quais eram apresentados por Paulo Gracindo e Ary Barroso, entre outros. Ganharam alguns prêmios em dinheiro, muito dos quais eram benvindos na situação em que viviam.
E a conceituada dupla nasceu no mesmo ano de 1942, após um desentendimento com Chopp em Volta Redonda/RJ, onde o trio fazia algumas apresentações. Cascatinha seguiu em frente com Ana, dando-lhe o nome de “Inhana” ("Sinhá Ana"), como são chamadas as “Anas” no nosso interior.
Fonte; Web
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1951/1957- Discos 78 Rpm

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A) PÉ DE ALECRIM - B) MEU RINCÃO

A) O SEGREDO ESTÁ NO MOLHO - B) CHORA MANINHO

 A) AMOR PERDIDO - B) VOLTA PRO MAR

A) GUARUJÁ - B) QUERO BRINCAR

A) QUINZE ANOS - B) FELICIDADE

A) SACÍ - B) CORRE VENTO

A) CHIMARRITA CAFUNÉ - B) FEITIÇO ÍNDIO

(VÍDEOS EM EDIÇÃO)

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MARIO ZAN & ANA SILVA (Inhana)


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Mário Giovanni Zandomeneghi, conhecido artisticamente como Mário Zan, nasceu em 08 de outubro de 1920, na Itália. Quando o pequeno Mário tinha 4 anos, com uma Itália devastada por duas guerras, seus pais resolveram mudar-se para o Brasil, onde já tinham alguns parentes estabelecidos na região de Catanduva, mais precisamente na cidade de Santa Adélia, interior de São Paulo. Dona Ema e Sr. Giusepe Zandomeneghi e os filhos Ítalo, Ezelina e Mário foram viver na fazenda Santa Sofia, da familia Dumont, onde trabalharam até 1932. Nas festas da colônia, dos imigrantes, nas fazendas da região, é que o menino Mário sentiu interesse em aprender o acordeon. Ele ficava encantado ao ver os adultos tocando aquele instrumento tão complexo. Até que um dia, Sr. Giusepe comprou um acordeon para o irmão mais velho Ítalo. O pagamento foi uma carabina e alguns mil réis. Acontece que quem se interessou mesmo pela sanfona, foi o caçula Mário, que não largou mais o instrumento e começou a tirar vários sons, aprendendo sozinho a tocar. Aos 10 anos, Mário tocou seu primeiro baile, em cima de uma mesa. Foi um casamento na roça e a partir daí não parou mais. Foi apelidado na região de "O Moleque da Sanfona".
Quando a família mudou-se para São Paulo, estabeleceram-se no bairro do Ipiranga. Mário então começou a ter aulas de acordeon com o professor Ângelo Reali, para "saber o que estava fazendo". Adolescente, além do estudo do acordeon, começou a trabalhar numa fábrica de meias femininas e a noite, tentava a sorte nas rádios da capital paulista, em programas de calouros. Mário Zan tocava de tudo - até mesmo o tango e o choro. A primeira oportunidade para se apresentar no rádio aconteceu na Educadora Paulista, atual Gazeta. Participou do programa de calouros "Peneira Roldini" e levou o primeiro lugar com o choro Tico-Tico no Fubá (Zequinha de Abreu), acompanhado do Regional de Zé da Pinta. O diretor artístico da Tupi, Armando Bertoni, ouviu sua performance, gostou e deu ao garoto meia hora para se apresentar na emissora. O primeiro emprego artístico, no entanto, só conseguiu na recém-inaugurada Rádio Bandeirantes, que funcionava na movimentada Rua São Bento, centro de São Paulo. Ao chegar, conheceu Walter Foster, futuro galã da televisão, que lhe fez um favor: ao ouvir o nome do jovem sanfoneiro, perguntou-lhe quem iria decorar aquele Zandomeneghi e simplificou-o para Mário Zan. "Esse sim, é um nome forte!", teria dito Foster. Na mesma emissora, o instrumentista era identificado como "O Sanfoneiro que Brinca com o Teclado". Em seguida, teve uma breve passagem na Nacional paulista, onde acompanhou a dupla Palmeira e Piraci.
Começava a década de 40, auge dos cassinos. O apogeu dos artistas era tocar nos cassinos cariocas e das cidades balneárias. Mário largou tudo em São Paulo e foi tentar a sorte no Rio de Janeiro, junto com seus colegas de música, a dupla Palmeira e Piraci. Lá fez testes em vários cassinos e enquanto isso, conseguiu emprego como músico num "táxi dance". Quem lhe ofereceu essa vaga foi Luiz Gonzaga, homem de coração generoso que de cara se ofereceu para ajudar o "moleque da sanfona". Contava Mário que Gonzagão, ao ver sua condição paupérrima, tentando a sorte na cidade maravilhosa, ofereceu a sua vaga de músico no "samba dance" pro moleque tocar e foi arrumar emprego em outro salão. Mário Zan foi-lhe amigo e grato para o resto da vida. Gonzagão sempre dizia que ele era o "Rei do Baião", mas o "Rei da Sanfona" era Mário Zan.
Tocando no "samba dance" e continuando a fazer testes nos cassinos, um dia Mário Zan conheceu o diretor do Cassino Atlântico, o grande homem do teatro, o polonês Ziembinsky. Ele gostou muito do trabalho do rapaz, mas disse-lhe que nunca Mário tocaria no Cassino Atlântico sentado. "O artista tem que dominar o palco, preenchê-lo. Sentado é mais dificil você dominar uma platéia. Treine quinze dias na frente do espelho tocando de pé meu rapaz e volte aqui". E foi o que Mário fez. Treinou muito e voltou quinze dias depois, apresentando-se a Ziembinsky tocando seu acordeon de pé e foi admitido imediatamente. A partir daí, nunca mais Mário Zan apresentou-se publicamente tocando sentado.
Mário começou a fazer todo o circuito dos cassinos do Rio de Janeiro, Quitandinha, em Petrópolis, os das cidades da baixada santista e cidades balneárias do interior de Minas Gerais.
Em 1944, gravou seu primeiro disco, em 78 rotações, pela gravadora Continental. De um lado, a milonga argentina "El Choclo" e do outro a valsa de sua autoria "Namorados".
Em 1946, o Presidente Dutra proíbe o jogo no Brasil e Mário como todos os artistas da época se vêem desesperados, pois o principal local de trabalho da classe acabara. Mário e seus colegas começaram então a excursionar pelo interior do Brasil com circos e tocando em cinemas. Viajaram por Minas Gerais, interior de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Goiás e Mato Grosso. Eram excursões que duravam 6 meses, um ano... O único meio de correspondência com a família na época era telegrama e olhe lá... Ao excursionar pelo Mato Grosso, Mário encantou-se pela região e compôs diversas canções inspirado nos ritmos que conheceu por lá, como a guarânia, a polca paraguaia e o rasqueado. Em companhia de Nhô Pai (do trio Nhô Pai, Nhá Fia e Capitão Furtado), compôs clássicos como "Ciriema", inspirados no canto do pássaro tipico da região, entre outros. Em Corumbá, hospedou-se no Hotel São Bento, que ficava as margens do Rio Paraguai. Haviam chegado na cidade nas embarcações típicas da região que recebem o curioso nome de "Chalana". Mário gostou do nome e observando as embarcações que iam e vinham, compôs o rasqueado "Chalana", que ganhou uma linda letra pelas mãos de Arlindo Pinto. Essa música foi gravada pela primeira vez pelo Duo Brasil Moreno e ganhou destaque na década de 70, quando Sérgio Reis a gravou e posteriormente em 1990, quando foi trilha sonora da novela "Pantanal" da TV Manchete, na voz de Almir Sater.
Seu primeiro grande sucesso foi a música "Segue Seu Caminho", em parceria com Arlindo Pinto, gravado por Solon Sales. Mais uma vez, Luiz Gonzaga ajudou o amigo. Como Mário vendeu muitos discos em 1946, Gonzaga sugeriu que o contratassem para ocupar seu lugar de solista na gravadora RCA Víictor, onde posteriormente gravaria mais de 300 discos 78 rpm e mais de 40 LPs. A indicação de Luiz Gonzaga teve a ver com uma mudança em sua carreira que ocorria naquele momento. O pernambucano começava uma bem-sucedida experiência como cantor de suas músicas.
A explosão de Mário Zan aconteceu em 1954, durante as comemorações do quarto centenário da fundação da cidade de São Paulo, quando homenageou a data com seu hino homônimo. Morador do Ipiranga, acompanhando as obras que aconteciam para as comemorações do aniversário da cidade, inspirou-se em compor em parceria com J. M. Alves, que fazia parte da banda da Polícia Militar, um hino em comemoração a cidade que tanto o acolhera bem. O disco, lançado pela RCA Víctor, vendeu 1 milhão de cópias em poucos meses e se tornou um marco na discografia nacional.
Dizia-se na época que a marca superou de longe o número de vitrolas em funcionamento no país. Até quem não tinha o aparelho levou uma cópia para casa. Outros compraram mais de uma cópia, já que os 78 rpm quebravam com facilidade. E o disco continua em catálogo: acumula 10 milhões comercializados desde que surgiu em 78 rpm - depois reeditado em LP e na versão CD. Mário tocou seu hino de sucesso extraordinário na inauguração do Estádio do Pacaembu, acompanhado pela Miami Jackson Band, uma das grandes bandas de jazz dos Estados Unidos, em meio à uma chuva de prata, que marcou o quarto centenário de São Paulo.
Em 1958, compôs em parceria com Palmeira, seu maior sucesso internacional "Os Homens Não Devem Chorar", inspirado em dois romances vividos por ele. Essa música nasceu uma guarânia, que ganhou o nome de "Nova Flor" e depois virou o bolero "Os Homens Não Devem Chorar". Esta canção acumula gravações de mais de 200 intérpretes em toda a América Latina, Estados Unidos, Portugal, França, Alemanha, Áustria, China e Japão. Em inglês, ganhou o título de "Love Me Like a Stranger" e foi tema da novela "Pecado Capital" da Rede Globo. Na Alemanha, o cantor Howard Carpendale também regravou a música no CD "Fremde Oder Freunde", acompanhado por orquestra. A canção atingiu o primeiro lugar nas rádios logo após seu lançamento. Mas foi em toda a América Latina que "Los Hombres No Deben Llorar" arrebatou lágrimas masculinas. São mais de 200 os registros fonográficos - principalmente no México, onde Los Hombres No Deben Llorar fez com que Pedro Fernández vendesse mais de 2 milhões de cópias de um único CD e foi tema da novela "Sentimientos Ajenos" da Televisa, em 1996. Na Europa, também foi gravada recentemente por Julio Iglesias e no Brasil, ganhou regravação por Roberto Carlos e pela dupla Bruno e Marrone.
Mário Zan teve enorme contribuição para a festa junina brasileira. Um de seus maiores sucessos é "Festa na Roça", em parceria com Palmeira, que se tornou um clássico indispensável para quadrilha junina. "Festa na Roça" é considerada a "rainha das festas juninas". Além de mais de 30 composições típicas, lançou em disco uma série de marcações para quadrilhas e em outra faixa, a quadrilha só tocada, para ser dançada livremente em todos os lugares (escolas, teatros, festas em geral). Enfim, onde tem Festa Junina, Mário Zan sempre está presente de alguma forma.
Nos anos 70, Mário Zan foi dono de diversas casas de shows na capital paulista e interior, onde levava os principais artistas da época para grandes apresentações, como Roberto Carlos, Chacrinha, Sérgio Reis, Luis Ayrão, Luiz Gonzaga, Sidney Magal, entre outros.
Seu nome e retrato estão expostos no Museu de Artes de Frankfurt, Alemanha, ao lado de grandes instrumentistas de todos os tempos. Sua presença está justificada como o "acordeonista mais sentimental de todos os tempos". Na Cidade do México, já recebeu diversas homenagens devido ao sucesso de suas músicas naquele país. Em São Paulo, foi condecorado com a comenda José Bonifácio e com a chave da cidade de São Paulo. Ganhou o troféu Roquete Pinto em 1954, pela música "Quarto Centenário". Recebeu pelo Mato Grosso a comenda da ordem do mérito matogrossense, das mãos do governador Blairo Maggi em 2006. Pelo Mato Grosso do Sul, recebeu das mãos do governador Zeca do PT, em 2006, comenda e homenagem no Festival América do Sul em Corumbá (cidade natal de Chalana).
Nunca parou. A música era sua paixão. Tocou em shows e bailes pelo Brasil até o final de sua vida. Entre 1997 e 1999, apresentou ao lado de sua filha, a cantora Mariangela Zan, o programa "Mário Zan e Seus Convidados" na Rede Vida de Televisão, todos os domingos, as 10 horas da manhã, programa este que fez muito sucesso, por levar a boa música brasileira a todos os cantos do País.
Em 2004, compôs em parceria com André Dias e Meire Parce, uma canção comemorativa pelos 450 anos de São Paulo e fez linda apresentação no reveillón da Avenida Paulista 2003/2004, onde foi extremamente homenageado pela prefeitura de São Paulo e dois inesquecíveis shows na maior sala de concertos do Brasil, a Sala São Paulo, onde recebeu bela homenagem do governo do estado de São Paulo. Neste mesmo ano, foi homenageado no carnaval pela escola de samba paulistana "Rosas de Ouro", onde desfilou no alto do último carro alegórico da escola, junto ao símbolo dos 450 anos de São Paulo.
Simples, cheio de vigor e muito simpático, Mário não aparentava o que realmente era: um dos grandes compositores populares do século XX no Brasil, autor de algumas dezenas de sucessos entre as mais de trezentas músicas que compôs com sua inseparável sanfona, desde 1943, sua companheira, feita especialmente para ele, na Itália, gravada com seu nome e com teclados em madrepérola e detalhes em pedras preciosas.
Mário Zan era encantado pela história da Marquesa de Santos, tanto que durante 15 anos, manteve a manutenção da sepultura dela no Cemitério da Consolação em São Paulo. Considerava-a uma "santa", por ter sido benemérita com os pobres de sua época, pagava estudo para crianças pobres, deixou bens para seus escravos, enfim, atitudes que encantavam Mário Zan. Sua admiração era tanta que colocou na cabeça que sua última morada teria que ser em frente a sepultura dela, no Cemitério da Consolação. Durante anos, batalhou e conseguiu construir seu túmulo em frente ao da Marquesa.
Cheio de vigor como sempre foi, fez dez shows nas festas juninas de 2006 e em seguida entrou em estúdio para a gravação de um CD em homenagem ao Mato Grosso. Durante a gravação deste disco, começou a sentir os primeiros sinais que sua fantástica trajetória estava chegando ao final. No dia 08 de novembro de 2006, seu acordeon emudeceu para sempre... Faleceu em São Paulo... Seu velório na Assembléia Legislativa reuniu milhares de pessoas, entre amigos, fãs, admiradores e imprensa. Seu sepultamento no dia 09 de novembro arrastou uma multidão pro Cemitério da Consolação.
Recebeu da Prefeitura de São Paulo duas lindas homenagens póstumas: A Casa de Cultura Mário Zan, localizada no bairro da Penha e a Praça Mário Zan, localizada no bairro do Ipiranga, inaugurada em março de 2008, com um grande show da Orquestra Sanfônica de São Paulo, regida pela maestrina Renata Sbrigh e grandes artistas da música brasileira e as presenças do Prefeito Gilberto Kassab, Vereadores, secretários municipais e familiares de Mário Zan.
Veja biografiaa de Ana Silva em; "Cascatinha & Inhana"
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