sábado, 14 de setembro de 2019

INEZITA BARROSO


 " A RAÍNHA SERTANEJA"
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Inês Madalena Aranha de Lima nasceu em 04 de março de 1925 no Bairro Barra Funda na capital paulista.
Começou a cantar aos sete anos de idade. Aos nove, já admirava o poeta modernista Mário de Andrade, que morava ao lado de sua casa à Rua Lopes Chaves na Barra Funda, em São Paulo, a quem esperava passar todo dia enquanto brincava de patins. Aos 11 anos, começou a estudar piano.
Desde criança, conhecia Raul Torres que, tendo sido colega de seu pai na Estrada de Ferro Sorocabana, ia com freqüência à sua casa, onde cantava quando ela fazia aniversário.
Apesar de ter sido criada na capital, Inezita tinha verdadeira paixão pela música caipira. Seu contato com a natureza era nos finais de semana e quando passava as férias na casa de parentes que moravam na roça. Desde cedo desenvolveu o gosto pela música caipira, mas enfrentou duros preconceitos, pois na época cantar e tocar viola não era atividade para mulher. A família era totalmente contra.
Inezita fez faculdade de Biblioteconomia, pois tinha verdadeira adoração por livros.
Casou-se na década de 40 com um pernambucano e iniciou sua carreira cantando músicas folclóricas recolhidas por Mário de Andrade, na Rádio Clube do Recife. O nome Inezita Barroso surgiu de seu nome Inês que também era o nome de sua mãe, e Barroso era o sobrenome de seu marido.
Estreou como atriz no filme "Ângela", de Tom Payne e Abílio Pereira de Almeida, em 1950, pela Companhia Vera Cruz. No mesmo ano, estreou na Rádio Bandeirantes de São Paulo.
Em 1951, passou a atuar na Rádio Record, onde apresentou em 1954, o programa "Vamos Falar de Brasil". Ainda em 1951, gravou seu primeiro disco, interpretando "Funeral de um Rei Nagô", de Hekel Tavares e Murilo Araújo e também "Curupira", de Waldemar Henrique. Em 1953, gravou "O Canto do Mar" e "Maria do Mar", de Guerra Peixe e José Mauro de Vasconcelos. No mesmo ano, gravou dois de seus maiores sucessos, a moda "Marvada Pinga", de Cunha Jr., e o samba "Ronda", de Paulo Vanzolini. Ainda em 1953, participou dos filmes "Destino em Apuros", de Ernesto Remani e "Mulher de Verdade", de Alberto Cavalcanti. Com este filme, recebeu o Prêmio Saci, de melhor atriz. Em 1954, gravou "Coco do Mané", de Luiz Vieira e passou ainda a apresentar, semanalmente, programas sobre folclore na TV Record. Recebeu o Prêmio Roquette Pinto de melhor cantora de rádio da Música Popular Brasileira, e o Prêmio Guarani como melhor cantora de disco. Participou dos filmes "É Proibido Beijar", de Ugo Lombardi e "O Craque", de José Carlos Burle. Em 1955, gravou as canções de domínio público, "Meu Casório" e "Nhá Popé". No mesmo ano, participou como atriz e cantora do filme "Carnaval em Lá Maior", de Adhemar Gonzaga, que representou o Brasil no Festival de Punta Del Este no Uruguai. Ainda em 1955, recebeu novamente os Prêmios Saci, como melhor atriz, e Roquette Pinto, como melhor cantora de Música Popular, com o disco "Vamos Falar de Brasil".
No LP "Inezita Apresenta", gravou composições de Babi de Oliveira, Juraci Silveira, Zica Bergami, Leyde Olivé e Edvina de Andrade, do folclore paulista, mineiro e baiano. Em 1956, publicou o livro "Roteiro de um Violão". Em 1958, gravou outro de seus grandes sucessos, a valsa "Lampião de Gás", de Zica Bergami e Hervé Cordovil. Gravou, também, a clássica toada "Fiz a Cama na Varanda", de Dilu Melo e Ovídio Chaves. Em 1960, gravou, de Mariano da Silva e Cornélio Pires, a moda de viola "Moda do Bonde Camarão", que tornou-se outro grande sucesso de sua carreira, e "Moda da Onça", do folclore recolhido por ela.
Em 1962, saiu da Record e começou a enfrentar dificuldades para fazer gravações, em virtude da manutenção intransigente de uma linha de trabalho da qual não abriu mão. Em 1969, recebeu um troféu do I Festival de Folclore Sul-Americano, na cidade de Salinas no Uruguai. Nos anos 1970, dedicou-se a viajar realizando pesquisas musicais, além de realizar recitais pelo interior do país e fazer gravações para programas especiais para diversos países, entre os quais, União Soviética, Israel e Estados Unidos.
Em 1970, realizou documentário que representou o Brasil na Exposição 70, no Japão. Em 1972, lançou o segundo volume dos "Clássicos da Música Caipira", no qual interpretou, entre outras, "Rio de Lágrimas", de Piraci, Lourival dos Santos e Tião Carreiro, "Divino Espírito Santo", de Canhotinho e Torrinha, "Destinos Iguais", de Capitão Furtado e Laureano e "Rei do Café", de Teddy Vieira e Carreirinho. Em 1975 gravou o disco "Inezita de Todos os Cantos", no qual interpretou pontos de candomblé, sambas anônimos do Rio de Janeiro e Niterói, números folclóricos de Mato Grosso, além das composições "Negrinho do Pastoreio", de Barbosa Lessa e "Asa Branca", de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. A partir de 1980, começou a apresentar o programa "Viola Minha Viola", aos domingos, pela TV Cultura de São Paulo. Por essa mesma época, realizou recitais e conferências pelo Brasil, além de apresentar-se com Oswaldinho do Acordeon em shows do Projeto Pixinguinha. Em 1985, foi homenageada pela Escola de Samba Oba-Oba, de Barueri, em São Paulo, que cantou sua vida e obra em enredo de carnaval. No mesmo ano, após cinco anos sem gravar, lançou pelo selo independente Líder, o LP "Inezita Barroso: A Incomparável", cujo repertório foi escolhido pelos fãs. Nesse período, apresentou por cinco anos na Rádio Universidade de São Paulo o programa "Mutirão". A partir de 1990, e durante nove anos, apresentou na Rádio Cultura AM o programa "Estrela da Manhã", das cinco às sete horas da manhã. Em 1996, gravou com o violeiro Roberto Corrêa o CD "Voz e Viola", no qual interpretou, entre outras, "Flor do Cafezal", de Luiz Carlos Paraná, "Perfil de São Paulo", de Bezerra de Menezes, "Tamba-tajá", de Waldemar Henrique, "Chalana", de Mário Zan e Arlindo Pinto e "Romaria", de Renato Teixeira. Também com Roberto Correia gravou o CD "Caipira de Fato", em 1997, interpretando entre outras, "A Coisa Tá Feia" e "A Viola e o Violeiro", de Tião Carreiro e Lourival dos Santos, "Siriema", de Mário Zan e Nhô Pai e "Adeus Campina da Serra", de Cornélio Pires e Raul Torres. No mesmo ano, recebeu o Prêmio Sharp de Melhor Cantora Regional.
Ficou conhecida como "A Rainha do Folclore" e é identificada com o que muitos definem como a "genuína música sertaneja".
Inezita Barroso apresentou o tradicional Programa "Viola Minha Viola" da TV Cultura de São Paulo, durante 34 anos e meio. Ela se apresentou na terceira edição do programa, e daí para frente passou a comandar a apresentação do programa ao lado de Moraes Sarmento.
Em sua gloriosa carreira Inezita soma mais de 60 discos gravados entre 78 rpm, LPs, compactos e CDs. Em 2009 lançou seu último trabalho, intitulado "Sonho de Caboclo", e em 2013 lança seu primeiro DVD. Foram lançados quatro livros contando sua vida. O primeiro por nome "A Menina Inezita Barroso" de autoria de Assis Ângelo, lançado em 2011, o segundo da Série Aplauso da Imprensa Oficial por título "Com a Espada e a Viola na Mão" de autoria de Valdemar Jorge, lançado em 2012, o terceiro lançado em 2013 com o título "Inezita Barroso - A História de uma Brasileira", de autoria de Arley Pereira, e o quarto lançado em 2014, com o título "Inezita Barroso - Rainha da Música Caipira", de autoria de Carlos Eduardo Oliveira.
Como atriz, atuou em nove filmes: "Ângela" em 1950, "Destino em Apuros" e "Mulher de Verdade" em 1953, "O Craque" e "É Proibido Beijar" em 1954, "Carnaval em Lá Maior" em 1955, "O Preço da Vitória" em 1956, "Isto é São Paulo" em 1970, e "Desejo Violento" em 1978.
Foram inúmeros os sucessos que fez nestes anos todos, entre eles destacamos "Marvada Pinga" e "Lampião de Gás".
Faleceu em São Paulo/SP, em 08 de março de 2015, aos 90 anos.


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